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domingo, 25 de janeiro de 2015

Jovem que tem 'déjà vu' constante intriga médicos e cientistas Por BBC | 25/01/2015 09:46


Britânico chegou a evitar assistir televisão, ouvir rádio ou ler jornais, porque sentia que já tinha se deparado com histórias

BBC
O caso extraordinário de um britânico de 23 anos que há oito anos tem experimentado episódios de déjà vu com grande frequência tem intrigado médicos e cientistas.
E a suspeita de um grupo de pesquisadores do Reino Unido, França e Canadá é que o problema tenha sido desencadeado por um excesso de ansiedade.
Déjà vu (que significa "já visto" em francês) é a expressão usada para descrever aquela sensação de que você já esteve em determinado lugar ou já fez a mesma coisa antes, ainda que o senso comum lhe garanta que isso não é possível.
Pesquisas indicam que cerca de dois terços das pessoas experimentam essa sensação pelo menos uma vez na vida, mas se sabe muito pouco sobre suas causas.
O jovem britânico com déjà vu crônico chegou a ter de evitar assistir televisão, ouvir rádio ou ler jornais, porque ele sempre sentia que já tinha se deparado com aquelas histórias antes.
Segundo Chris Moulin, neuropsicólogo cognitivo da Universidade de Bourgogne que está envolvido no estudo do caso, o jovem tinha um histórico de depressão e ansiedade e uma vez usou a droga LSD na universidade, mas era completamente saudável.
"Ele ficou completamente traumatizado com essa sensação constante de que sua mente está brincando com ele", diz Moulin.

Britânico chega a ter déjà vu do déjà vu
Thinkstock Photos
Britânico chega a ter déjà vu do déjà vu


Túnel do tempo
Segundo o neuropsicólogo, a sensação de que o paciente está revivendo experiências pode durar alguns minutos - às vezes até mais.
"Certa vez ele foi cortar o cabelo e, quando entrou na barbearia, teve um déjà vu. Em seguida, teve um déjà vu do déjà vu. E já não conseguia mais pensar em outra coisa."
O britânico diz ter a sensação de que vive preso em um túnel do tempo. E quanto mais angustiado fica, maior parece ser a frequência de suas crises.
Segundo os pesquisadores, nas tomografias e exames de seu cérebro, tudo sempre pareceu normal, sugerindo que a causa do déjà vu constante provavelmente é mais psicológica que neurológica.
"Esse caso não é suficiente para provar que existe uma ligação entre ansiedade e a sensação de déjà vu, mas ele indica que seria interessante estudar mais a fundo essa relação", diz Moulin.
Ao contrário dos problemas de memória, o déjà vu parece ter maior incidência entre pessoas jovens.
De acordo com uma pesquisa coordenada por Alan Brown, da South Methodist University, em Dallas, as pessoas costumam experimentar a primeira sensação de déjà vu aos seis ou sete anos.
A frequência dessa sensação costuma ser mais alta entre os 15 e 25 anos - e diminui depois dessa idade.
Teorias
Há várias teorias que tentam explicar as causas do déjà vu.
Akira O'Connor, psicólogo da Universidade de St Andrews, por exemplo, acredita que, na maioria dos casos, a sensação está ligada a uma espécie de "falha de ignição" momentânea nos neurônios no cérebro, que criaria conexões falsas.
"O déjà vu pode ser uma espécie de tique do cérebro. Da mesma forma que temos espasmos musculares ou contrações das pálpebras de vez em quando, pode ser que, às vezes, a parte do cérebro responsável pela memória e sensação de familiaridade tenha uma pequena convulsão", diz O'Connor.
Isso ajudaria a explicar por que o que déjà vu é mais frequentemente entre pessoas que têm epilepsia ou algum tipo de demência.
Outra teoria, desenvolvida pela professora Anne Cleary, da Colorado State University, é que a sensação seria causada pela existência de algo genuinamente familiar no entorno de quem a experimenta - como o formato de uma estrutura ou a disposição dos móveis de uma sala.
Para testar sua hipótese, Cleary desenvolveu um jogo de realidade virtual computadorizado chamado "Deja-ville", em que as pessoas navegam por cenários semelhantes.
A natureza fugaz e espontânea do déjà vu faz com que seja muito difícil estudar o fenômeno em laboratório, segundo os pesquisadores.
"Os métodos para se tentar induzir um déjà vu ainda são bastante incipientes", diz O'Connor.
"Nós usamos a hipnose e testes que envolvem listas de palavras. Outro método é chamado de 'estimulação calórica'. Consiste em esguichar água morna nos ouvidos das pessoas."
O´Connor explica que, inicialmente, esse método foi criado para o tratamento de outros problemas, como vertigem, mas os cientistas perceberam que um efeito colateral comum era justamente o déjà vu.
"Acredita-se que isso ocorra porque o canal do ouvido é próximo ao lobo temporal, que pode ser responsável por essa sensação", diz ele.
Incidência
Não se sabe quantas pessoas sofrem de déjà vu crônico, mas Moulin diz já ter encontrado casos semelhantes ao do jovem britânico - inclusive alguns pacientes que insistiam que já o conheciam em função do problema.
"Eles me cumprimentavam como um velho amigo, apesar de nunca terem me visto antes. Alguns falaram comigo por Skype, estavam do outro lado do mundo, mas ainda assim tinham essa sensação", conta ele.
Segundo Christine Wells, da Sheffield Hallam University, desde que a história do jovem foi publicada nos jornais britânicos mais pessoas estão procurando ajuda de especialistas dizendo ter o problema.
"Recebi mensagens de pessoas que vivem na Austrália e nos Estados Unidos. Trata-se de uma condição rara, mas há de fato pessoas que dizem que têm ou tiveram a mesma coisa - ou conhecem alguém com o problema."
Para Wells é necessário estudar mais a fundo esse fenômeno. Mas também há quem defenda que ele não é assunto para a ciência.
"Já recebi cartas de pessoas que acham que o déjà vu é algo espiritual e citam a Bíblia e o Alcorão", diz O'Connor.
"Alguns acreditam que eu não deveria estudar isso. Dizem que 'explicar o arco-íris estraga a sua beleza'. Pessoalmente, sempre gostei de ter um déjà vu - e tentar descobrir o que causa essa sensação apenas torna essa experiência mais bonita."

    quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

    Caso raro na medicina, homem com dois pênis lança biografia

     uolnotícias Saúde


    Daniel Rosney
    Do Newsbeat




    07/01/201509h21


    DDD diz ter sofrido discriminação em algumas vezes em que sua condição foi descoberta ou revelada
    Um americano que alega ter dois pênis como consequência de uma anomalia congênita diz que cresceu ouvindo de seus pais que era uma pessoa "única e especial". Em entrevista ao programa Newsbeat, da BBC, o homem, que se auto-entitula DDD, diz que já manteve relações sexuais com cerca de mil pessoas, mas se recusa a revelar sua identidade por temer o assédio que sua condição pode provocar.
    DDD se tornou uma espécie de subcelebridade na internet após o lançamento recente de sua autobiografia.
    O Newsbeat teve acesso a fotos das partes íntimas de DDD, e os produtores do programa disseram que as imagens são bastante convincentes.
    A condição que afetaria o americano é a difalia, uma anomalia congênita identificada pela primeira vez em 1069. Ela é rara, afetando apenas um em cada 5,5 milhões de americanos, por exemplo.

    Fonte de embaraço

    Normalmente, a difalia é marcada por deformações, mas DDD afirma que seus dois membros funcionam normalmente. "Posso urinar e ejacular com ambos ao mesmo tempo", explicou o americano.
    Na infância e na adolescência a condição foi uma fonte de embaraço para o americano, que foi orientado pelos pais a jamais de despir em frente a colegas ou participar de brincadeiras de médico. Quando colegas de escola descobriram a "duplicidade", DDD disse ter sofrido bullying.
    "Eu não queria que os outros meninos tivessem ciúmes ou se sentissem mal por não terem dois pênis. Jamais pensei que eles fossem me odiar por me achar estranho", disse o americano. "Quando comecei a namorar, não tirei a roupa até que a menina que estava vendo dissesse que queria (fazer sexo). Nunca pensei que ela poderia simplesmente ter ficado assustada (com a minha condição)."

    Amputação cogitada

    DDD diz que aos 16 anos cogitou amputar um dos membros quando as pessoas começaram a perceber sua condição.
    "As meninas começaram a olhar para minha cintura muito mais", lembra o americano. "Eu gostaria que meus pais tivessem me falado que as pessoas fariam troça do que não entendem. Eu sempre tive dois pênis e, quando olho para baixo, para mim tudo parece normal."
    Quando questionado sobre a razão de falar abertamente de sua condição mas não se identificar, DDD disse que a atenção não seria benvinda.
    "Em todos os lugares as pessoas saberiam quem sou. Elas teriam expectativas."
    DDD admite ser bissexual e ter participado de relacionamentos poligâmicos. Seu mais longo namoro foi com um casal.
    Mas a condição trouxe inconveniências, como a compra de roupas de baixo. O americano diz que não pode usar cuecas, por exemplo.
    DDD também pensou em tentar a sorte na indústria pornográfica, mas a ideia foi abandonada porque o americano temeu ser visto como uma aberração.
    "Minha dignidade não tem preço", afirmou.

    segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

    Tardígrado vira objeto de estudos por ter incrível capacidade de resistência

    Edição do dia 04/01/2015
    04/01/2015 23h14 - Atualizado em 04/01/2015 23h23

    Tardígrado vira objeto de estudos por ter incrível capacidade de resistência

    Tardígrado é um animal microscópico que vive em finas películas de água.
    Ele consegue resistir a temperaturas superiores a 150° e inferiores a 270º.


    Tadígrado é enviado para o vácuo do espaço e continua vivo (Foto: Reprodução)
    Fantástico apresenta o animal mais durão que existe. Ele aguenta tudo. Por mais extremo que seja. Frio de rachar. Calor do inferno, qualquer coisa. Ele consegue sobreviver até no espaço. O nome desse bicho é meio estranho: tardígrado. Ele é microscópico. Por causa dessa incrível capacidade de resistência, o tardígrado virou objeto de estudos.

    Se você estivesse em um foguete, fosse mandado para o espaço e largado por lá, no vácuo, sem roupa de astronauta, o que aconteceria? Em poucos segundos os líquidos do seu corpo ferveriam e seus órgãos explodiriam.
    Ainda bem que nunca uma pessoa foi mandada para o espaço nessas condições. E tomara que não seja. Um outro animalzinho não teve a mesma sorte. Ele tem um sistema nervoso, um sistema digestivo, músculos, como você. E ele foi mandado para o espaço em um foguete da Agência Espacial Europeia e largado lá. O mais impressionante: ele sobreviveu.
    Como explicar que um ser terrestre sobrevive em condições tão extremas? Tem quem acredite que eles sejam extraterrestres.
    No mínimo ele é um super-herói. Capaz de viagens espaciais, ele é o mais resistente dos animais, ele é o incrível tardígrado: o maior dos maiores super-heróis do universo.
    E além de tudo, ele tem o superpoder da invisibilidade. Pelo menos para o olho da gente. Ele é tão pequeno que só conseguimos enxergar com um microscópio.
    Em um pedaço de musgo qualquer, um bichinho gordo se move lentamente em finas películas de água que envolvem o musgo. Sempre em busca de comida. Isso pode acontecer no quintal da sua casa. Mas como todo super-herói, ele tem um ponto fraco: o tardígrado precisa estar sempre na água. Se ele sai da água, se encolhe todo, se transforma em uma bolinha e entra em uma espécie de estado de hibernação.
    Criptobiose: o nome científico desse estado em que ficam os tardígrados quando tão fora da água. É o que explica a professora Clélia Rocha, da Universidade Rural de Pernambuco, ela é especialista em tardígrados.
    “Nesse processo, ele consegue desidratar o corpo, fabricar um revestimento extra da cutícula do corpo, e essa desidratação inibe as reações que os levaria a morte.”, explica Clélia Rocha, pesquisadora.
    Sem água no corpo, o metabolismo desse super-herói fica muito devagar. É como se ele se fingisse de morto. Dessa forma, ele consegue resistir a temperaturas superiores a 150°. E inferiores a 270º! Ele sobrevive no vácuo, a altíssimos níveis de radiação solar. E foi desse jeito que os tardígrados voltaram inteiros do espaço. É o superpoder da criptobiose.
    Para os cientistas, esse é só o começo de uma grande descoberta. Eles esperam que um dia a gente aprenda a usar esse superpoder e assim consiga fazer longas viagens espaciais.
    “A gente pode aprofundar essa informação e investigar, exatamente, destrinchar os mecanismos biológicos que fazem com que os tardígrados voltem do espaço e continuem a viver normalmente, para em um futuro, talvez distante, aplicá-la para seres humanos.”, diz Clélia Rocha.
    Na Universidade de Manitoba, no Canadá, um grupo de pesquisadores está fazendo um novo estudo.
    “A gente quer ir ainda mais longe com as experiências espaciais com os tardígrados”, conta Viridiana Ureña, pesquisadora.
    Eles estão construindo um minissatélite, que vai ser lançado no ano que vem. E dessa vez, os cientistas querem que os tardígrados saiam do estado de criptobiose em pleno espaço.
    “A gente quer reidratá-los no espaço para ver se eles sobrevivem a longas viagens interplanetárias. Já encontraram vestígios de água em Marte por exemplo. Queremos saber se o tardígrado poderia sobreviver por lá”, afirma Viridiana.
    Eles acreditam que os tardígrados possam ser os primeiros animais terrestres a colonizar outro planeta. Por isso tem gente que acha que esses bichinhos provavelmente vieram de lá.
    “O que os tardígrados mostram é que é pelo menos possível que a vida sobreviva a uma viagem espacial”, diz o escritor Mike Shaw.
    Mike Shaw já escreveu três livros sobre os tardígrados. Ele é um curioso americano, ele busca as evidências sozinho.
    Usa como base uma teoria científica bem conhecida, chamada panspermia. Segundo essa teoria, a vida veio do espaço.
    “Se você acreditar que tardígrados vieram do espaço, como alguns acham, daí você poderia dizer que toda a vida veio do espaço”, afirma Mike Shaw.
    “Talvez a vida nunca tivesse surgido se não existissem os impactos de cometas e meteoros”, diz Douglas Galante, astrônomo.
    Esses corpos celestes teriam trazido a vida para cá. Agora, a maioria dos cientistas acha impossível que os tardígrados possam ter vindo em uma dessas viagens.
    “Especificamente, no que diz respeito aos tardígrados, tem um registro da história evolutiva dele. Tem registro fóssil e a história está toda documentada de uma existência desenvolvida no planeta Terra.”, diz Clélia Rocha.
    Agora, mesmo terráqueo, a relação desse bicho com o universo pode ser uma chave. Olhando para o chão do quintal e para o infinito das galáxias, na busca por entender a riqueza da vida.
    Nota da redação: Por motivos contratuais, o vídeo desta reportagem não pode ser publicado na internet.