As causas são genéticas, mas os sintomas podem ser desencadeados pelo estilo de vida
Por Andressa Basilio
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia
(SBC), cerca de 30 milhões de brasileiros sofrem de enxaqueca e, dentre
esses, 75% são mulheres. "Muitas podem ser as causas da enxaqueca, desde
problemas tensionais, normalmente associados ao estresse, até
resultantes de tumores, aneurismas, medicamentos fortes e até ressaca",
ensina a especialista.
Quem sofre com a dor insuportável sabe o
quanto é difícil ficar simplesmente esperando que ela passe. Mas, para
além dos vários tratamentos para o problema, existem alguns hábitos que
quem quer se livrar de vez da enxaqueca, deve abandonar. Confira a lista
abaixo:
Abuso de analgésicos
Quem
abusa de analgésicos para se livrar da dor, ou seja, toma mais de um
comprimido por semana corre o risco de alimentar a própria dor. "O
analgésico bloqueia todos os mecanismos de defesa natural para combate
da dor de cabeça. O uso prolongado e indiscriminado desse tipo de
medicamento faz com que o corpo fique dependente do medicamento",
explica a neurologista Claudia Klein, especialista do Minha Vida.
Em outras palavras, o organismo fica viciado a tal ponto que
passa a "produzir" a dor para que o analgésico precise agir. Além disso,
o analgésico também impede a produção de serotonina, hormônio
neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e relaxamento,
agravando a dor depois de certo tempo. "Muitas pessoas costumam tomar o
analgésico ao menor sinal de dor e, assim, esquecem de tratar o
problema. É preciso buscar tratamentos reais com medicação indicada o
médico especialista", aconselha Claudia Klein.
Má alimentaçãoDe acordo com a
neurologista, alguns alimentos devem ser evitados por quem sofre de
enxaqueca, como, por exemplo, o aspartame, condimentados, leite e
derivados, alimentos cítricos, chocolate e café. "Esses alimentos contêm
substâncias que interagem com a bioquímica cerebral do organismo,
alterando a ação de determinadas enzimas e diminuindo a quantidade de
serotonina,
hormônio ligado à enxaqueca", explica Claudia Klein. Além disso, a
especialista afirma que pior do que o consumo desses alimentos, é ficar
em jejum por tempo prolongado - mais de 4 horas sem comer - ou ter uma
alimentação baseada em frituras e doces, por isso, ter um cardápio
equilibrado e controlado é uma ótima medida preventiva.
Tabagismo Que fumar é uma
bomba para o organismo, todo mundo já sabe. A novidade é que, além de
todos os males, a nicotina ainda é associada à alteração da circulação
sanguínea e enrijecimento dos vasos sanguíneos, o que, segunda a
neurologista Claudia Klein, também pode acabar provocando a enxaqueca.
Além disso, um recente estudo norueguês publicado pela revista médica
Neurology avaliou seis mil estudantes e descobriu que o
tabagismo,
associado ao sobrepeso e ao sedentarismo, triplica as chances de jovens
desenvolverem enxaqueca. Os autores disseram não ter ficado claro se
esses fatores do estilo de vida provocam a cefaleia ou se eles agem mais
como desencadeadores em jovens já vulneráveis. Pelo sim, pelo não, é
melhor prevenir e ficar longe do cigarro.
Ser sedentário Um dos grandes males da população, o
sedentarismo
afeta em muitos aspectos a qualidade de vida. Além de contribuir para o
surgimento de obesidade, hipertensão, diabetes e problemas cardíacos, o
sedentarismo é uma porta aberta para a enxaqueca.
Uma pesquisa conduzida na Suécia demonstrou que pessoas que se
envolvem em um programa de atividades aeróbicas apresentam queda
significativa na frequência e intensidade das dores de cabeça crônicas e
enxaqueca. O programa de treinamento aplicado na pesquisa consistia em
treino de 40 minutos de bicicleta ergométrica praticada três vezes por
semana.
"A pessoa que sofre de enxaqueca já tem uma produção baixa de
serotonina, e os exercícios físicos estimulam a produção desse hormônio.
Se a pessoa não fizer nenhum tipo de atividade que compense essa baixa,
vai ser difícil reverter o quadro", explica a neurologista Claudia
Klein.
Consumir álcool Como a
enxaqueca é um problema de origem vascular, cuja dor é provocada pela
contração e dilatação dos vasos sanguíneos, o consumo de bebidas
alcoólicas pode ser uma opção ruim para quem lida com o problema. A
especialista Claudia Klein explica: "As bebidas alcoólicas quando
ingeridas em excesso provocam dilatação dos vasos do corpo e do cérebro,
o que acaba acentuando o incômodo da enxaqueca."
Se render ao estresseTudo o
que gera estresse e desequilíbrio para o organismo pode agravar a
enxaqueca de quem já tem predisposição. Trabalho em excesso, ficar sem
comer por muito tempo, nervosismo, insônia ou dormir pouco, chateação e
outros problemas emocionais podem ser uma porta aberta para a dor
incômoda. Quem sofre com os dramas do estresse, deve procurar
tratamento. Buscar métodos, como massagem e acupuntura, e dar mais valor
ao momentos de lazer e relaxamento são atitudes importantes. "A
acupuntura é bem eficiente, pois provoca microestímulos que ajudam o
corpo a recuperar o equilíbrio de forma natural", garante a neurologista
Claudia Klein.