Em Tóquio
Mutações genéticas foram detectadas em três gerações de borboletas nos
arredores da central nuclear japonesa de Fukushima, informaram
cientistas japoneses, o que aumenta os temores de que a radioatividade
possa afetar outras espécies.
Foto 39 de 49 - Cientistas
japoneses descobriram que a radioatividade após o acidente de
Fukushima, em março de 2011, provocou mutações genéticas em borboletas.
Na imagem, feita por pesquisador da Universidade de Ryukyus, um exemplar
coletado perto da usina nuclear. A descoberta indica que o acidente
pode ter prejudicado outras espécies AP/Chiyo Nohara, University of the Ryukyus
Quase 12% das pequenas borboletas azuis da família das Lycaenidae
expostas à radioatividade ainda em estado de larva durante a catástrofe
nuclear de março de 2011 desenvolveram anomalias, em especial asas
menores e uma má-formação dos olhos, explicaram os cientistas.
Insetos presos em uma área próxima da central de Fukushima Daiichi dois
meses depois do acidente foram transportados a um laboratório para fins
de reprodução. No total, 18% da geração seguinte desenvolveu problemas
semelhantes, afirmou Joji Otaki, professor da Universidade Ryukyu de
Okinawa.
A proporção aumentou ainda mais, a 34%, na terceira geração, apesar dos
cientistas terem utilizado borboletas saudáveis de outra região para
acasalar com os insetos de Fukushima.
Seis meses depois do desastre, um novo lote de borboletas foi preso nas
proximidades de Fukushima Daiichi e desta vez a taxa de anomalia da
geração seguinte foi medida em 52%, informou Otaki.
Os cientistas japoneses também fizeram um experimento com uma população
de borboletas não afetadas, que foram expostas em laboratório a doses
muito baixas de radioatividade, e constataram a mesma proporção de
anomalias registrada na primeira geração de borboletas de Fukushima.
Os resultados do estudo foram publicados na Scientific Reports, uma publicação virtual editada pela revista Nature.
"Chegamos à conclusão clara de que a radiação emitida pela central de
Fukushima Daiichi afetou os genes das borboletas", disse Otaki.
O cientista, no entanto, advertiu que os resultados devem ser
considerados com precaução porque o efeito observado foi comprovado, até
o momento, apenas nas borboletas, e não sobre outras espécies animais
ou humanos.
A equipe pretende realizar novos experimentos com outros animais.
Nenhuma pessoa morreu por ação direta da radiação liberada pelo
acidente de Fukushima, mas os habitantes da região temem os efeitos a
longo prazo.
Muitos lembram que os efeitos da radioatividade foram transmitidos a
várias gerações em Hiroshima e Nagasaki, depois do lançamento das bombas
atômicas pelos Estados Unidos em agosto de 1945, nos últimos dias da
segunda Guerra Mundial.
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