Neste mês, a coluna O nome dos bichos apresenta uma lesma bailarina do fundo do mar
O nome dos bichos - 02-09-2011
Apesar
de o nosso planeta se chamar Terra, a maior parte dele é coberta pelas
águas dos oceanos. Essa imensidão azul abriga milhares de espécies
conhecidas pelos cientistas – e acredita-se que ainda existam mais de
dois milhões a serem descobertas.
Alguns dos habitantes mais
interessantes do fundo do mar são as lesmas-marinhas, que nos intrigam
com suas exuberantes formas e cores.
A maioria das lesmas-marinhas
atinge apenas alguns milímetros ou poucos centímetros de comprimento.
Mas há espécies maiores, que podem chegar a mais de 40 centímetros, como
é o caso daquelas conhecidas como dançarinas-espanholas.

O
corpo das dançarinas-espanholas possui algumas toxinas que são obtidas a
partir das esponjas-marinhas das quais se alimentam. Essas toxinas
também estão presentes em seus ovos, e garantem proteção contra
predadores (Foto: Raymond G. / Creative Commons)
Duas espécies de dançarinas-espanholas são reconhecidas atualmente: Hexabranchus sanguineus, que vive no Mar Vermelho e na região tropical do Oceano Índico e do Oceano Pacífico, e Hexabranchus morsomus, que habita os mares do Caribe.

Dançarinas-espanholas
com o corpo todo vermelho são típicas do Mar Vermelho, entre a África e
a Ásia. Já nas águas tropicais dos oceanos Índico e Pacífico, são
registrados indivíduos com incríveis variações de coloração (Fotos: Doug
Anderson e Thierry Cailleux / Creative Commons)
Se você
é atento, já notou um detalhe: nenhuma dessas espécies ocorre no
litoral da Espanha. Então por que são chamadas de dançarinas-espanholas?
É
uma questão, digamos, de estilo. Quando as dançarinas-espanholas nadam,
seu corpo se mexe de tal forma que lembra os movimentos do vestido de
uma dançarina de flamenco, dança típica da Espanha. Foi assim que essas
lesmas ganharam seu nome comum!
Já o nome científico tem outra história. Hexabranchus significa “seis brânquias” em grego e faz referência ao número de brânquias que esses animais possuem.
A espécie Hexabranchus sanguineus
foi batizada em 1828, com base em dois exemplares coletados no Mar
Vermelho, cujo corpo tinha forte cor avermelhada. Por este motivo,
foi-lhe dado o nome específico sanguineus, que em latim quer
dizer “de sangue”. Porém, hoje se sabe que, ao longo de toda sua ampla
área de ocorrência, esta espécie pode apresentar variações na coloração,
havendo exemplares com manchas brancas e até mesmo amarelos.
Por sua vez, o nome específico da dançarina-espanhola-do-Caribe,Hexabranchus morsomus, não faz nenhuma referência a cores. A palavra morsomus é uma homenagem a pesquisadores da Dinamarca que estudaram lesmas-marinhas no Caribe, e tem origem na palavra dinamarquesa morsom, que significa “engraçado”, “divertido”.
Engraçadas
ou não, uma coisa é fato: as dançarinas-espanholas trazem mais beleza
aos nossos oceanos! Se você ainda tem dúvidas, assista ao vídeo abaixo,
em que uma dessas bailarinas marinhas dá um show:

O
flamenco é uma dança típica da Espanha, originada no século 18. Veja
como as dançarinas-espanholas lembram um vestido de flamenco em
movimento (Foto: Albuquerque / Creative Commons)

As
brânquias das dançarinas-espanholas lembram pequenas árvores, que
captam o oxigênio dissolvido na água. (Foto: Divemecressi / Creative
Commons)
Henrique Caldeira Costa, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal
Curioso desde criança, Henrique tem um interesse especial em pesquisar a
história por trás dos nomes científicos dos animais, que partilha com a
gente na coluna O nome dos bichos
Nenhum comentário:
Postar um comentário