Você nem imagina a história por trás do mel que está na cozinha da sua casa!
O nome dos bichos - 03-02-2012
Quem
é que não gosta de mel? Além de saboroso, esse é um alimento benéfico
para nossa saúde, pois contém diversos nutrientes. E você certamente
sabe que animais fabricam o mel, não é? As abelhas!
O tipo de mel mais consumido por nós, e mais encontrado nos mercados, é produzido pelas abelhas da espécie Apis mellifera.
Seu nome científico, criado em 1758 pelo sueco Carl Linné, significa,
em latim, “abelha que carrega mel”. Só que as abelhas não carregam mel…
Elas fabricam!
Pensando nisso, em 1761, Linné “corrigiu” o nome dessa espécie para Apis mellifica,
que quer dizer “abelha que fabrica mel”. Mas, anos depois, quando os
cientistas criaram novas regras para se batizar os animais, ficou
decidido que esse tipo de correção feita por Linné não valia. Assim, o
nome Apis mellifera voltou a ser utilizado no lugar de Apis mellifica.
Embora seja a espécie de abelha mais comum no Brasil, a Apis mellifera
não é nativa daqui, mas da Europa, da África e da Ásia. As primeiras
colmeias foram trazidas de Portugal em 1839 pelo padre Antônio Carneiro –
não para produção de mel, mas para fornecer cera para as velas usadas
durante as missas.
Poucos anos depois,
imigrantes europeus começaram a trazer colmeias para fazer mel em suas
propriedades. Até a década de 1950, a produção era bem pequena, e passou
a ficar ainda menor com o aparecimento de doenças que quase
exterminaram as abelhas.
Foi aí que o Ministério da Agricultura
enviou o pesquisador brasileiro Warwick Kerr para trazer algumas abelhas
da África para o Brasil. Apesar de também pertencerem à espécie Apis mellifera,
as abelhas-africanas são mais resistentes a doenças e produzem mais mel
que as europeias. Mas têm um problema: são muito bravas!
A
solução foi cruzar abelhas-africanas e abelhas-europeias para produzir
descendentes com as melhores características das duas – ou seja, abelhas
que produzissem bastante mel, fossem resistentes e, ao mesmo tempo,
mansas. Só que a tentativa não deu certo. Antes de as pesquisas
terminarem, vinte e seis colmeias africanas fugiram!
Na época foi
um alvoroço só, e todo mundo ficou morrendo de medo de ser atacado pelas
abelhas-africanas. Com o tempo, elas se espalharam por todo o país e
foram se misturando com as colmeias dos criadores de abelhas, os
apicultores.
Aos poucos – e com ajuda de cientistas –, os
apicultores se acostumaram a lidar com “nova” abelha, que ficou
conhecida como “abelha-africanizada”. Na verdade, até passaram a gostar
dela porque, embora seja mais brava que sua prima da Europa, não é tão
irritada como a africana. Ao mesmo tempo, também fabrica bastante mel e é
bem resistente a doenças. Não é à toa que, hoje, o Brasil é um dos
maiores produtores de mel do mundo.
Henrique Caldeira Costa, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Viçosa, Campus Florestal
Curioso desde criança, Henrique tem um interesse especial em pesquisar a
história por trás dos nomes científicos dos animais, que partilha com a
gente na coluna O nome dos bichos
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