09/03/2012 - 09h32
À simples vista as abelhas e os seres humanos não têm muito em comum, mas um estudo publicado na última quinta-feira (8) na revista "Science" indica que, tal qual o Homo sapiens, estes insetos também têm personalidade.Segundo esta pesquisa, há abelhas exploradoras e de comportamento mais ousado, enquanto outras optam por atividades mais cautelosas e uma vida "caseira".
"As abelhas têm distintas funções na colônia", explicou à Agência Efe Silvia Rodríguez Zás, uma pesquisadora graduada da Faculdade de Agronomia da Universidade do Uruguai e que trabalha agora na Universidade de Illinois (EUA).
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simples vista as abelhas e os seres humanos não têm muito em comum, mas
um estudo publicado na revista "Science" indica que, tal qual o Homo
sapiens, estes insetos também têm personalidade. Segundo esta pesquisa,
há abelhas exploradoras e de comportamento mais ousado, enquanto outras
optam por atividades mais cautelosas e uma vida "caseira". O estudo das
abelhas e suas possíveis implicações para entender o comportamento de
mamíferos, e até o dos humanos, é interessante porque esses são insetos
sociais, que vivem em comunidades altamente organizadas Zachary Huang/EFE
"As exploradoras são as que buscam novas fontes de alimentos, e as outras, menos numerosas, procuram outros lugares para o início de colmeias novas", acrescentou.
O estudo das abelhas e suas possíveis implicações para entender o comportamento de mamíferos, e até o dos humanos, é interessante porque esses são insetos sociais, que vivem em comunidades altamente organizadas.
Durante os experimentos, os pesquisadores instalaram as fontes de alimento das abelhas em uma grande área protegida e observaram quais saíam para explorar em busca por mais comida.
Os cientistas depois compararam a expressão genética cerebral das abelhas aventureiras com a daquelas que ficaram próximas a seus ninhos.
"Ficamos focados em determinar os genes e a base molecular que motivam estas abelhas a um comportamento explorador, algo que nos humanos é conhecido como o comportamento em busca de novidade", disse Silvia.
A partir da observação das abelhas exploradoras, os cientistas descobriram que as mesmas que buscaram o lugar para a nova colmeia e levaram para lá um grupo de abelhas da colônia antiga são as que passam a procurar comida.
"Levam em seus genes essa 'inquietação'", comentou a pesquisadora. "Primeiro, saem em busca de um lugar; depois, de comida".
Entre todas as abelhas que procuram alimentos, 25% se dedicam a buscar novas fontes, são as exploradoras de comida "e as que quando voltam à colmeia movimentam o 'rabo' para comunicar às coletoras onde está a comida".
"Há uns 1 mil genes, 15% do total, que se expressam mais nas abelhas exploradoras que nas não exploradoras. São genes com função associada à comunicação, e essas diferenças se expressam na dopamina, na octopamina, no glutamato e no ácido gama-aminobutírico", continuou Silvia.
"Nos seres humanos, essas moléculas se relacionam com a sensação de satisfação e também com a dependência", explicou a pesquisadora. "Os seres humanos que têm tendência a buscar atividades inovadoras também têm um maior risco de desenvolver a dependência".
Em outras fases do estudo, os cientistas acrescentaram doses maiores de octopamina e glutamato na dieta das abelhas exploradoras, "e o resultado foi que exploravam ainda mais".
"Por outro lado, a adição de agentes bloqueadores em sua dieta lhes inibiu a vontade de explorar, e as abelhas normais, as que não tendem a explorar, exploraram ainda menos", assinalou Silvia.
Os resultados da pesquisa, assinalou o artigo, "demonstram paralelos interessantes entre o comportamento em busca de novidades das abelhas melíferas e o dos humanos".
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