Páginas

domingo, 1 de janeiro de 2012

Piraquinha é um peixe híbrido resultado do cruzamento de outras espécies

Pode viver tanto no fundo do mar como em colunas d´água.



Foto: Alfredo Carvalho Filho

Piraúna

Recentemente a Dra. Dani Viana, especialista em peixes dos Penedos de São Pedro e São Paulo, me contou que lá também estão aparecendo exemplares híbridos de duas garoupinhas, a Caraúna (Cephalopholis fulva) e o Boquinha (Cephalopholis furcifer).
Um bicho híbrido é fruto do cruzamento de duas espécies diferentes, como a mula, de pai jumento e mãe égua. Híbridos em geral são estéreis, não gerando filhos. Entre os peixes marinhos esse fato é muito raro e convidei para me ajudar a escrever a matéria o especialista brasileiro, Dr. Ivan Sazima, da UNICAMP.
O mais interessante deste híbrido entre garoupas é que os pais têm formato geral, cores e hábitos muito diferentes! A Piraúna é bicho de fundo, de cor variável e com muitas pintas azuis na cabeça e corpo, com cauda arredondada. Já o Boquinha é peixe da coluna d´água, rosa a vermelho-esverdeado e com a cauda furcada.
Foto: João Paulo Krajewski
 
Boquinha
Olha só no que deu: um bicho que vive tanto no fundo como na coluna d´água, de cor cinza-esverdeada a avermelhada, com pintas azuis na cabeça e corpo. Podemos chamar tanto por “Piraquinha” como “Bocaúna”.
Muito mais interessante é que os hábitos do híbrido se misturam quanto à comida que busca: tanto pode procurar caranguejos e outros invertebrados no fundo (como faz a Piraúna) quanto se alimentar de zooplâncton na coluna d água (como o Boquinha). As duas espécies que são pais do híbrido chegam a 35 cm de comprimento e vivem na mesma região do Atlântico, entre a Carolina do Norte e São Paulo.
Foto: João Paulo Krajewski
 
Piraquinha ou Bocaúna
Sua reprodução ocorre na mesma época (outono) e aí, para se misturarem, não é muito difícil, uma vez que os óvulos e os espermatozóides são expelidos na coluna d´água. A família das Garoupas atualmente é chamada de Epinephelidae, tendo sido alterada em 2007 por cientistas norte-americanos (Matthew Craig, William Smith e Philip Hastings). Em Serranidae permanecem muitas espécies de menor porte como o mixole (Diplectrum formosum), por exemplo. No Brasil temos pelo menos 27 espécies de Epinephelidae e 24 de Serranidae.

Ivan Sazima é zoólogo e estuda vertebrados brasileiros há outros tantos anos, sendo autor de vários livros.
Alfredo Carvalho Filho é publicitário e biólogo, autor de inúmeros trabalhos científicos, artigos populares e do livro “Peixes Costa Brasileira”. Escreve todo mês sua coluna “Que Peixe é Este” para a revista "Pesca Esportiva

Nenhum comentário:

Postar um comentário