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domingo, 29 de janeiro de 2012

A receita para a eterna juventude




Pesquisa genética aponta o caminho para vencer a disputa contra o tempo
Lamy, Corbis X2, Getty, Science Photo Library, Thinkstock X3
David Sinclair, em Harvard, já se acostumou a aumentar em 15% a vida de ratos
No filme O Preço do Amanhã, um saudável anfitrião apresenta três belas ruivas, todas aparentando não mais que vinte e poucos anos, para um elegante Justin Timberlake. “Permita-me apresentar minha sogra Clara, minha esposa Michelle e minha filha Silvia,” diz o anfitrião. Se algo do tipo se tornar real no futuro, teremos grandes problemas.Este thriller de ficção cientifica se passa no final do século 21, quando cientistas aprenderam como “desligar o gene do envelhecimento”. A boa notícia é que todos param de envelhecer fisicamente aos 25 anos. A má notícia é que nós somos geneticamente programados para viver apenas mais um ano, a menos que possamos ganhar – ou roubar – algum tempo extra.

Uma fantasia hollywoodiana desprovida de qualquer base em fatos científicos? Não, dizem pesquisadores altamente respeitados que acreditam que os primeiros tratamentos antienvelhecimento estão a apenas alguns anos à frente. “Há aspectos desse cenário plausíveis”, diz David Sinclair, codiretor dos Laboratórios Paul F. Glenn para os Mecanismos Biológicos do Envelhecimento, na NHarvard Medical School.

O foco principal da pesquisa em humanos está em proteínas fundamentais para a proteção celular chamadas sirtuínas. O trabalho de Sinclair já demonstrou que drogas capazes de aumentar o nível de sirtuínas podem estender a vida de animais. “Tornou-se rotina elevar o tempo de vida de ratos em cerca de 15%” explica o cientista. “Eu acho que haverá um medicamento comprovadamente capaz de dar mais dez anos de vida para humanos até o fim da década.”

No entanto, estender o tempo de vida não é simplesmente parar o envelhecimento, pois o envelhecimento não é, ele mesmo, reconhecido como causa da morte. Nas certidões de óbito, as doenças relacionadas com o envelhecimento, como câncer, acidentes vasculares encefálicos e doenças cardíacas é que levam a culpa. A dificuldade é definir o que envelhecer é, de verdade. Não há resposta simples, porém mais e mais pedaços do quebra-cabeça estão se encaixando.

Teorias do envelhecimento cabem em duas categorias. Algumas afirmam que os sistemas genéticos, hormonais e imunológicos são pré-programados para declinar. Outros enfatizam a influência de fatores externos, como estresse, dieta e exercício.

“Envelhecer não é um processo simples,” diz Tim Spector, professor de Epidemiologia Genética do King's College, em Londres. “Tem a ver com o enfraquecimento gradual dos mecanismos de reparo, o que leva a uma debilidade na capacidade do corpo de reparar e substituir células.

”Uma das partes que requer reparo é o DNA. O material genético em toda célula humana está enrolado em 23 pares de cromossomos, cujas extremidades são protegidas por estruturas formadas por fileiras de DNAs: os telômeros.

Os telômeros encurtam toda vez que uma célula se divide. Quando eventualmente atinge um determinado comprimento, a célula é programada para parar de se dividir e morrer. Muitos geneticistas consideram que os telômeros atuam como um relógio biológico e, como tal, são um bom alvo para intervenções antienvelhecimento.

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